Até quando meu povo? Até quando, nós mulheres vamos ser tratadas como prostitutas? Até quando? Por que não é sexy um homem sair sem camisa e uma mulher é? Quem inventou que deveríamos nos envergonhar de nosso corpo? Não estou querendo sair de casa com os peitos de fora, não é isso! Não me sentiria a vontade, mas quero sair com pouca roupa quando estiver calor e ser respeitada. Será que as muçulmanas estão certas? Será que todos os homens são pervertidos e comportam-se como cães quando encontram uma cadela no cio? Será que teremos que viver no desconforto, todas cobertas em temperaturas altas? Eu achei que nos, homo sapiens, fóssemos providos de inteligência. Aliás, sapiens significa sábio, mas muitos homens por aí se comportam como homo stultus.
Sábado passado um Hare Krishna de idade avançada me chamou para dar uma volta no Central Park. Eu fui, minha roommate estava dormindo, estava sozinha e talvez seria a oportunidade de comprar um cd dele, que é músico e presentear o meu pai, que é fã do devoto-cantor. Ao escolher a roupa optei por esse vestido laranja da Zara que ilustra o post, comprei para fazer um trabalho da faculdade. Minha única roupa indiana que trouxe comigo para os EUA havia sido usada no dia anterior e estava suja. Eu tenho pouquíssima roupa aqui, a maioria de inverno. Vim apenas para passar o inverno aqui, mudei de ideia, e estamos praticamente no verão. Quando preciso comprar alguma roupa para os trabalhos da faculdade, compro no meu número, para poder usar. Muitas meninas trocam as peças após o trabalho e eu já compro algo que me agrada. Aliás, quando vier estudar na FIT venha provida de uma grana extra, pois tem muitos gastos com trabalhos de classe e você precisa concluí-lo para ser aprovada! Então essa era a minha roupa descente de verão. Se não fosse encontrar um devoto iria de shorts e regata. Aliás, em dias quentes como esse, as pessoas ficam de biquíni no parque.
Chegando ao parque estranhei, o senhor começo tocar na minha mão! Ele é mais velho que meu pai, pensei, –não é possível, é coisa da minha cabeça. Conversa vai (com muita dificuldade, pois não entendia muito bem seu sotaque em inglês – ele é espanhol) conversa bem, ele me chamou para almoçar numa academia de ioga. Me garantiu que me levaria a um supermercado onde poderia comprar chicória, estava doida para achar chicória (ainda estou, não achei).
Eu fui, tive dificuldade de falar não! De fato fomos a um supermercado que não tinha chicória ao lado da academia de ioga. Ele me convidou para entrar. Eu fui. Era um prédio alto e cheio de gente. Tranquilo. Daí ele chamou um elevador, pensei que era uma academia de ioga grande, fui. Aqui nos EUA ioga esta muito na moda, todo mundo faz. o elevador parou e abriu a porto. Vários sapatos esparramados pelo chão. Deveria ser mais uma sala de ioga, ele abre a porta… um quarto, uma cama de casal bem arrumada e uma sacada com rosas. What? Isso porque falei que não queria ir na casa dele, imagina no quarto dele.
Fui embora, disse que não estava confortável com a situação. Ele me convidou para sentar na cama e ler um livro. What the fucking hell! Are you kidding me? Não aceitei, fui embora. Ele nem me levou até a porta.
Por mim, a história já tinha dado por encerrado. No dia seguinte, o tal homem me chama pelo Face Book para falar mais merdas. Ficou chateado da forma que eu fui embora e falou que achava que não tinha chances entre nós! What? Eu concordei que não tínhamos chances, que ele era somente um amigo. Ele me convidou para ir a praia, o dia estava lindo e aqui em Nova York tem praia sim senhor! Falei que não podia. Ele ficou fazendo cena por eu ter ido embora repentinamente. Expliquei a ele que na minha religião homem e mulher, a não ser que sejam casados, não ficam sozinhos num quarto. Ele ficou P da vida, dentre outras coisas, afirmou que só tentou algo comigo pois minha roupa era insinuante. –Pode ser insinuante, mas para cara na casa dos 30 anos, tá? Pensei comigo! E ele começou proliferar toda sua raiva. Alguns homens quando são rejeitados ficam malucos, foi o caso desse. Lembrei a ele que na religião dele os homens deveriam tratar todas as mulheres, com excessão de sua esposa como sua mãe. No livro sagrado não está escrito trate somente as mulheres de roupa indiana como se fosse sua mãe, e sim todas. O que incluí não indianas, putas, meninas de biquíni e eu. Bom, depois dessa o senhor explodiu, e me atacou da forma mais xula possível, mas não cabe escrever nesse blog.
Em mim, o vestido ficou um pouco mais longo que na modelo, eles encurtam um pouco para o catálogo não ficar careta. Tanto que sentei no chão no parque e minha calcinha não ficou aparente. Ele tem decote em “v”, mas não é prfundo o suficiente para mostrar os seios e é bem larguinho, não mostra as curvas. No entanto, eu deveria ser respeitada mesmo se estivesse nua o que não era o caso. Para mim era um encontro entre devotos de uma mesma religião, para ele uma oportunidade de… ah sei lá!
4 thoughts on “O machismo que sufoca a gente”
PriscilaPriscila
Péssimo esse cara!!Foi desculpa falar do seu vestido, se liga!Beijos
Debora Wolf
É que nem o marido que bate na esposa, a culpa é dela… ai onde vamos parar??
Vegetariano Libertário
olá, faz tempo que este post foi escrito mas gostaria de dizr algo: eu sou pelnamente a favpr da liberdade da mulher se vestir como ela gosta, se ela veste shortinho ou vestido acima dos joelhos ou crop que mostra a barriguinha ou tomara que caia, ou o que foi, eu a respeito, não tenho preconceito algum com isso, mulher tem o direito de se vestir como ela quer sim, afinal não são todas que se vestem assim pra chamar atenção, eu compreendo….. mas quero saber se o hare khrishna não tem algum sentimento de preconceito com a liberdade no vestir que mulheres possuem, como o hare krishna encara as vestimentas, a liberdade da mulher, como o Hare Krishna ao qual voce pertence encara esta questão?? Obrigado, abraços!! 😀
Debora Wolf
A religião pede uma vestimenta casta