Hoje ouvi uma das coisas mais tristes de um colega de classe, do curso de inglês. Ele e de Niger, o segundo pais mais pobre do mundo, onde a expectativa de vida são 45 anos e maior parte da população é analfabeta. Ele supostamente deveria estar feliz, pois aos 31 anos esta bem acima das estatísticas de sua terra. Muçulmano, dos que jejuam no ramadan e rezam durante um intervalo e outro da aula, já foi soldado em guerra, mas não responde se já matou alguém. E na verdade, agora isso nem faz mais sentido, certo ele de manter isso em segredo. Ha cerca de um ano e meio em Nova York, estuda inglês comigo e trabalha cerca de 11 horas por dia, de pé num restaurante – e eu reclamava das minhas 6h. Tenho o habito de cada nova pessoa que conheço aqui em Nova York, estudar sobre o pais e costumes, tem sido bem enriquecidor essa experiência, alem de me dar assunto do que conversar com as pessoas.
Dai hoje, dentre uma lição e outra de inglês, ele me pergunta:
-Debora voce é feliz em Nova York? – Gosto do sotaque dele ao pronunciar meu nome, é quase que perfeito, após ouvir muitos Debra por ai, soa familiar.
Respondi que era. Ele disse que não. Que ele só trabalhava e ia para a escola, façam as contas, para ter o visto de estudante, o cara tem que estar na escola 4h por dia, fora as 11h que ele diz trabalhar. Lhe sobram 9h para dormir, intervalo do lanche do trabalho, locomoção entre casa, trabalho e escola e outras coisas que a gente faz no dia a dia.
E dai durante a aula, alguém falou que a vida aqui em Nova York é bem mais dura do que se poderia imaginar. Um turco, turista adolescente, rebateu:
-Se a vida é dura, é só voltar para o pais de origem.
E meu colega, o de Niger disse:
-Eu tenho vontade de voltar para o meu pais, mas eu só trabalho, nunca sobra dinheiro para eu juntar e voltar para la.
E a gente pensa que todo mundo que esta aqui esta numa boa, ledo engano!
Obrigada por tudo que eu tenho.