Vida de mãe que resolve ser mais do que mãe realmente não é fácil. Tô aqui tentando descobrir como isso funciona até agora, porque as vezes acho que ser mãe é ter o dom da onipresença e da multiplicação do tempo (risos).
Eu sou o tipo de mãe que larga tudo para ser mãe. Fiz isso das duas vezes que tive minhas meninas. Larguei emprego, larguei cursos, atividades que desenvolvia. Durante – pelo menos – 2 anos fui só mãe de cada uma. Não me arrependo! Experiência maravilhosa. Mas é engraçado como chega uma fase na vida da gente que dá pressa de ser a acontecer.
De repente me vi com 32 anos e pensei: “Preciso dar um rumo na minha vida”. Bateu um desespero! Senti como se somente ser mãe não bastasse mais para mim. Senti no peito uma agonia como se eu estivesse perdendo algo ou ficando para trás. Talvez fosse algum impulso do meu relógio biológico invertido sei lá… Invertido, porque para a maioria das mulheres esse relógio desperta para largar tudo e ser mãe. Para mim, ele tocou para pensar um pouco em mim, na minha carreira, nos meus sonhos.
Passei quase 10 anos da minha vida só pensando em fraldas, escola, utensílios domésticos que facilitam a vida, livros sobre criação de filhos, etc. Fui (e sou) feliz assim. Mas é como se, ao olhar para a minha vida agora que decidi não ter mais filhos, eu resolvesse que era hora de iniciar um novo capítulo da minha história.
Corri fazer ENEM, corri me inscrever no PROUNI (porque com duas filhas para criar eu não tenho condições de pagar faculdade), e tratei de entrar para cursar Publicidade. Sim, fui lá me misturar com aquela galerinha doida e agitada de 18, 19 anos que vive teclando no celular e não sai das redes sociais, hehehe.
No inicio do ano passado – quando comecei – eu era a mais velha da sala. Imagina o meu choque? Meio que deprimi no começo, mas aí notei que quanto mais as pessoas me conheciam, mais me tratavam como igual. Não demorou para eu entrar e fazer parte da tribo dos loucos aspirantes a publicitários.
Hoje minha vida parece ter ganhado algum sentido. Continuo cuidando integralmente das minhas filhas, porque não trabalho fora formalmente, mas ao dar esse passo meio impulsivo na minha vida, meu coração se acalmou. Parece que eu só precisava dar continuidade a algo que pulsava a tempos em mim para me sentir melhor.
Confesso que não é fácil. Minha rotina virou uma loucura! As vezes mal tenho condições de manter uma certa frequência nos meus artigos aqui da coluna, mas estou feliz. Feliz porque sou mãe, feliz porque estou dando continuidade ao sonho de terminar os estudos, feliz porque posso me expressar e passar conhecimentos através deste canal… Eu acredito que toda mulher tem que encontrar em si aquele ponto em que se basta sabe… Só assim ela vai se sentir feliz. Não ao fazer o que a sociedade ou a mídia diz que deve ser feito, porque nem a sociedade, nem a mídia sabem o que é melhor para a sua realidade e a sua felicidade.
Se dependesse da opinião alheia, eu estaria trabalhando fora, deixando minhas filhas o dia todo na escolinha e estudando a noite enquanto o marido e os avós cuidassem das minhas filhas. Eu as veria o mínimo possível, mas me sentiria bem porque – afinal de contas – estou pensando no futuro delas. Será? Isso funciona para algumas mulheres, mas nunca funcionou para mim. Eu nunca consegui fazer as coisas dessa forma.
Enfim, só para inspirar vocês a verem as coisas de um ponto de vista diferenciado e personalizado, ou seja, de acordo com o que o seu coração diz que é melhor (como mãe, como mulher, como profissional… não importa!). De acordo com o que te deixa confortável, feliz e satisfeita. Porque viver uma vida pela metade, ou cheia de coisas que não preenchem de verdade a alma, é como abrir a geladeira à procura de algo gostoso para comer e – ao não achar – comer o que tiver ali na sua frente mesmo. Mata a fome, mas não satisfaz. Por isso, seja feliz, não seja o socialmente correto e esperado! Ouça seu relógio interior, siga seus impulsos e faça menos com qualidade do que mais pela pressão da vida.