Confesso que fiquei passada com a notícia “Vendedor brasileiro é o penúltimo em ranking de simpatia“. E logo pensei, de onde são as fontes dessa nota? Moro em Nova York há quase três anos e confesso que sempre me choco com a falta de educação da maioria dos atendimentos aqui na cidade. O que tenho a impressão é que eles querem efetuar logo a venda e se verem livres de você.
Outro dia esperava na fila do provador em Queens. Essas lojas baratex sempre tem filas no provador. A vendedora que organizava a fila estava histérica, gritando com os clientes, pois queria que a fila ficasse um determinado lugar e os clientes estavam em outro. Aliás, ao meu entender os clientes estavam certos, pois aonde ela colocou a fila, bloqueava uma arara. Logo um rapaz chegou para ajudá-la e a fila acabou em questão de segundos.
Outra coisa que sempre acontece aqui em Nova York é que os garçons te expulsam dos restaurantes. A maioria dos lugares te trazem a conta antes de você pedir, e tem uns que ainda vão além, trazem a conta antes de trazer a comida, ou pior, enquanto estamos mastigando. Outra situação comum aqui é você chegar a um restaurante e eles com medo de perder a venda com você fugindo sem pagar, quando fizer o pedido na mesa eles te pedem seu cartão de credito para “guardar” sabe Deus onde. No Brasil e ninguém aceita que alguém saia da nossa frente com o nosso cartão não é mesmo? Por isso temos maquinetas sem fio, sinto que aqui nos EUA estamos muitos anos atrasados.
Mas você já parou para pensar que em pesquisas o Brasil sempre está nos extremos ou e o melhor ou pior pais do mundo em determinado assunto, nunca estamos no meio, daí quando leio essas coisas logo penso na síndrome de vira-latas. Sim, não sei porque, mas sempre temos a tendência de achar que todo no Brasil é pior, e não é. Atendimento não é pior em São Paulo do que aqui em NY. Nova York é muito pior. E nem podemos dizer que o americano e mal educado, porque aqui é uma mistura só, ou seja, corremos o risco de sermos atendidos por tudo quando e nacionalidades, menos americanos. Além do mais, e provável que não sejam americanos, porque esses serviços de baixo escalão como vendas, eles deixam para imigrantes.
Estou tirando a carta de motorista, e fiquei chocada. Serio! O rapaz da autoescola me disse que os examinadores eram mal-educados, eu achei que era exagero, mas não é! Primeiro que ele chega até você sem a menor cordialidade e manda descer do carro. Daí você desce e fala bom dia, enquanto ele anota seus dados numa máquina, sem olhar na tua cara. E quando fala com você é aos gritos, sim você fica chocada, assustada… Principalmente no meu caso que sou mulher, e meu examinador era um homem grande, e uma pessoa que é maior que você é intimidador, nos mulheres sofremos tantos abusos não é mesmo? Outra coisa acho tão estranho, vizinhos de prédio se encontram no saguão, tomam elevador juntos e nem trocam um “oi’. E olha que já morei em vários bairros de Nova York, e somente recentemente comecei ignorar as pessoas também. Sempre dei “bom dia” e a maioria das vezes não ouvia nenhuma resposta. Eu ficava encabulada de alguém ouvir que fui ignorada. As vezes ainda sai um cumprimento quando esqueço de ser mal educada, porque para mim educação é automático, para eu me comportar dessa maneira rude eu tenho que pensar “vou ser mal educada porque ela não vai nem olhar na minha cara”.
Por esses motivos que não acho justo falar que o atendimento do Brasileiro é pior que o do Americano, por exemplo. No Brasil me sentia rainha entrando com meu cartão de credito nas lojas, aqui em Nova York me sinto um peso morto, ainda que gaste bastante! 😦