Segunda-feira muitos jornais indignados noticiaram que o ministro do turismo Mahesh Sharma da Índia pediu às mulheres que visitarem o país que não usem saias curtas e nem saiam à noite sozinhas. E os brasileiros não souberam lidar com isso e criticaram a ação.
Eu moro em Nova York há três anos. Morar em uma cultura um pouco diferente da nossa pode ter seus desafios. O Estados Unidos é conhecido como um país livre, e de fato é. No entanto, mesmo assim temos algumas diferenças no modo de vestir. Se eu uso um biquíni brasileiro, por exemplo, todo mundo olha para mim na praia. E olha que eu só uso aqui os biquínis que achava grande no Brasil. Nada daquelas tangas de amarrar. Nunca aconteceu comigo, mas algumas amigas me disseram que foram convidadas a se retirarem do local quando estavam minimamente vestidas de biquínis brasileiros. Em contrapartida, em Nova York é permitido mulheres andarem de topless nas ruas, enquanto no Brasil não é.

Gisele Bündchen com um biquíni tipicamente americano, com o bumbum maior.
Ou seja, se você não quiser virar ponto turístico na praia (ou até sofrer situações mais desagradáveis) não use biquíni brasileiro. Como não estamos no nosso país, acho super normal termos que nos adaptar a cultura local. O que não entendo é porque o fato da Índia gerou tantas polemicas.
Na índia as mulheres vestem em sua maioria das vezes de sári. O sári é um pano de cerca de 6m, que é amarrado no corpo da mulher a fim de criar algo tipo um vestido, como na foto acima. Ainda sobra um pano que elas chamam que véu que as indianas usam para cobrir a cabeça. Se você acha a Índia um país retrogrado, que censura as mulheres o problema é seu, mas é assim que elas vivem lá.
Além dos sáris, algumas roupas mais modernas foram introduzidas ao guarda-roupa das indianas, como o salwar kamezz, foto acima, que é um conjunto de calça larga e túnica longa. É a roupa preferida da indiana que mora aqui em Nova York.
E tem as lehengas, que são saias com a túnica ou o choli, que é um top cropped que as mulheres usam tradicionalmente com o sári, foto acima.
Então chegar na Índia de shortinho e regata com certeza você será vista como um E.T., ou pior, prostituta. E não vamos falar em feminismo ou direitos da mulheres, mas sim da cultura local, você vai dar a impressão de mulher fácil. É cabeça, é cultura e você não vai conseguir mudar um pais com 1.293.057.000 habitantes numa viagem de 15 dias. Por isso, adapte-se.
Faca de Dois Gumes
Ah, mas o mundo está globalizado e moderno, a Índia tem que se adaptar. Existe uma lei em São Paulo, número 14.955 de 2013 que proíbe as pessoas andarem com o rosto coberto. E a muçulmana que quer usar burca? Teoricamente, se pensarmos que podemos usar shorts na Índia, temos que aceitar que a muçulmana cubra o seu rosto no Brasil, certo? Claro que não! Eu particularmente detesto quando vejo uma pessoa de burca. Sei que pode ser um homem, ou alguém fugindo da justiça, principalmente em países que não tem a tradição muçulmana como o Brasil acho normal não aceitar o vestimenta típica de alguns lugares do Oriente Médio. E se podemos não aceitar a burca, por exemplo, por segurança, acho que os outros países tem direito de não aceitar certos trajes por segurança.

A estilista Cristiana Ventura, no metrô de São Paulo.
Mahesh Sharma disse para as mulheres usarem roupas mais castas na Índia para sua própria segurança, mas não proibiu o uso de shorts curtos. Só para se ter uma ideia do problema, em 2012 foram reportados 24.923 casos de estupro no pais, sendo que a maioria dos casos não são reportados. No Brasil, em 2013 foram reportados 47.600 casos de estupro, ou seja, embora o falatório acerca da Índia seja internacionalmente maior, o Brasil tem quase o dobro de incidentes reportados. Por isso, não exija apenas que a Índia resolva o problema de estupro quando nosso pais mesmo tem índices gigantescos.
Outra coisa, você cai conhecer outra cultura, porque não entrar no clima local? Sáris são lindos, permita-se parecer como um princesa indiana. Faça fotos bonitas e divirta-se. A gente segue dress code para ir em casamentos, premiações, festas da firma, não entendo esse preconceito em seguir os costumes locais para a nossa própria segurança.
Dicas para mulheres na Índia:
- Viaje em grupo, não pense em viajar sozinha ao local.
- Não pegar taxis nas ruas.
- Não usar transporte público de noite.
- Respeitar o dress code do país.
- Quando pegar um taxi, tirar a foto da placa do veículo e mandar a imagem para algum conhecido.
3 thoughts on “A polemica sobre o uso de saia curta na Índia”
Rosa Marfim
Não concordo com o “adapte-se”, mesmo com os direitos da mulher e tudo à parte, partindo que é uma “””escolha que muitas elas fazem””” não acho correto só pq vou para lá passar férias ou até viver ter que vestir o que não quero. Em primeiro lugar, não é como se andar por aí nua e em segundo quando elas tencionam viver no nosso país não acho correto imporem lhes as mesmas regras. Cada qual deveria ter a escolha de vestir o que quiser onde quiser. Além disso, em vez de educarem as mulheres para terem mais cuidado, acho que se devia era dar educação a quem causa esses atos de violência, senão andamos sempre a viver na sombra, não só na India, mas também em todo o mundo. Beijos :*
Debora Wolf
Sim, mas nem o Brasil consegue resolver esse problema de estupro né? Temos o dobro de estupro aí, não dá para exigir dos outros o que nem mesmo a gente provem. O ministro deu uma sugestão, fica a sua vontade correr o risco ou não! Beijos
Debora Wolf
Se você andar de topless no Brasil Pq vc quer vc vai a cadeia! Temos regras e temos que seguir!