O discurso de liberdade de expressão é lindo na teoria, mas na prática mesmo os seus “apoiadores” não o seguem. É muita hipocrisia, claro que é! Falta de informação? Sim! É criticar os outros, mas não olhar para nós mesmo. E daí vem aquele discurso anti-Trump, eu também o acho um imbecil e acredito que ele pode parcialmente destruir a reputação da América, mas o quão diferente você é dele? E se lhe dessem poder similar o que você faria. Ninguém vai admitir que seria racista, que imporia coisas porque é obvio, mas a realidade, ainda que menor escala é muito diferente.
Esses dias num grupo de brasileiros no Facebook sobre Nova York aconteceu algo que me deixou literalmente perplexa, pelo autoritarismo, pela falta de empatia e é claro pela impostura da moderadora do grupo e sua pupila, uma garota aparentemente amarga que sempre despeja toda a sua angústia nas dúvidas e comentários de quem ela julga “menor” ou diferente dela. Em outras palavras, falta postura e educação.
Assim que o presidente Trump começou seu mandato, vários decretos deixaram o mundo boquiaberto, primeiro a construção do muro entre os EUA e México, mas o muro já existe, e o impedimento de cidadãos de países maioria muçulmana de entrar nos EUA, mesmo com visto ou green card. Isso aliás diretamente me afetou, meu namorado é iraniano e o país dele estava nessa black list. O anuncio foi feito na sexta-feira, passamos um final de semana muito triste em casa, ele chorou. É muito duro ser discriminado, e detalhe o Irã nunca atacou os EUA. Trump acusa o Irã de apoiar o terrorismo, pois o Irã já vendeu armas para países aonde existem terroristas, mas os EUA na gestão Obama também o fez. Acredito que aqui entra muito mais uma questão de mercado do que ética. Então para mim a suspensão do Irã em entrar nos EUA, enquanto países que já atacaram os EUA como a Arábia Saudita estavam liberados a entrar, me pareceu outro acordo de mercado.
Após essas notícias vários blogs, sites e oportunistas começaram a dissipar notícias falsas ou não sobre novos decretos de Trump. Um deles seria que as pessoas que entrassem nos EUA teriam suas contas nas redes sociais vasculhadas, vários canais de notícias jogaram essa possibilidade no ar. Assim as pessoas não leem as matérias, só o título, sem conhecimento prévio começam a destilar os seus “achismos” apenas pela manchete da publicação e preconceituosamente criam teorias mirabolantes de conspiração. Vamos aos comentários do post.
Ou seja, a coisa já acontecia antes mesmo da “ideia” de Trump, ele só anunciou que ia fazer para mostrar serviço. Igual Lula que se apoderou de alguns programas de FHC, colocando outro nome e disse que era ideia dele. Isso sempre acontece! Outra coisa, na époda que George W. Bush, por exemplo, uma colega de trabalho veio para os EUA e teve que passar por exame ginecológico para ver se tinha algo escondido em sua vagina. Os Estados Unidos sempre humilharam seus visitantes, pois sabem que muita gente quer imigrar ilegalmente aqui. Se eu acho bacana? Claro que não! Se me colocassem numa situação dessas eu voltaria para casa sem o exame, claro. Ainda bem que hoje eles nos scaneiam a gente parcialmente vestido.
Foi aí que eu expus minha opinião. Sabe aquela história que “todo mundo aceita a sua opinião, desde que seja igual a dela?” Então foi aí que levei uma enxurrada de comentários da moderadora e sua pupila amarga. Como havia lido a matéria em questão, entendi que os EUA iam pedir para ver as contas das pessoas dos países banidos. Então quem não fosse ligado ao terrorismo poderia entrar. Eles não quere ver sua selfie, não querem saber o que você comeu ontem, querem saber se você está ligado a grupos de terrorismo ou não. Os terroristas usam as redes sociais para se propagar. Para mim, essa medida representaria uma chance das pessoas que são honestas que não apoiam o terrorismo entrarem no país. E não sei se essas garotas já trabalharam, mas muitas empresas tanto nos Estados Unidos como no Brasil pedem nossas redes sociais exatamente para xeretar se fazemos parte do perfil do grupo que está contratando. É fácil, não quer ter a intimidade invadida? Não tente trabalhar na empresa e nem visite países que requerem isso, simples! E foi aí que a Juliana falou que temos direito de discurso livre. Achei lindo, até porque ela não estava praticando, né?
Dai essa Juliana disse o que sempre diz no grupo, como na ocasião era novata não a conhecia “vou repetir o que disse”, quem será que ela acha que é para estar acima da “carne seca?” Honestamente não vejo americanos tradicionais chocados com isso. Até porque, eles elegeram Trump. Quem está chocado mesmo é quem tem familiar imigrante, quem é imigrante… o americano típico, pobre, que trabalha na lavoura ou industrias dá graças a Deus quando tem as portas fechadas o país, pois o pensamento é bastante limitado e concluem; menos gente, mais empregos e menos violência. Coisas do tipo.
Quando falei que está acima de críticas? Como sempre digo as pessoas não leem e tiram conclusões?
Só fiz um simples comentário, que prefiro que meu namorado tenha as redes sociais vasculhadas e entre nos EUA, do que ele não entre. Aliás, nós já somos monitorados desde o governo Obama pelo FBI, só dar uma olhada no Google. Sabemos que temos escuta em nosso telefone. Uma vez assisti um documentário sobre Osama Bin Laden no Netiflix do meu namorado, ele ficou muito bravo. Falou que era monitorado e poderia ser acusado de apoiar o terrorismo. Ou seja, nunca houve liberdade para essas pessoas de países de maioria muçulmana aqui em Nova York. Moro em Middle Village, um bairro de maioria branca 83.9% (sendo 0,7% negros, 9.8% hispânicos, 4% asiáticos e 3.2% do que eles chamam de outros [e que deve me incluir]). E sim, vi muitas bandeiras de Trump nos gramados das casas e uma vez andando no bairro um loiro, alto, olhos azuis, encanador e visivelmente dopado parou meu namorado, um amigo e eu no meio da rua e perguntou em quem votávamos. Explicamos que não votávamos pois eramos imigrantes. Então ele quis saber quem apoiávamos, visivelmente queria bater em algum eleitor de Hillary. Tremi o corpo todo, meu namorado com muita diplomacia saiu dessa. Eu moro num bairro com poucos imigrantes e talvez tenha observado o período eleitoral de outra maneira. No meu bairro Trump ganhou com 5,921 votos, o que representou 51.59% dos votos. Geralmente não me baseio por achismos, sempre olho os números e daí vem minhas conclusões. Deve ser porque já fiz muitas teses de mestrado, o que obriga a camuflar o que achamos e buscar dados reais que suportem nossas ideias.
Quando falei que a opinião do imigrante é menos importante? Eu sou imigrante também, pô! Eu estou sofrendo também porque meu namorado é dos países banidos e talvez ele vá visitar a família dele e não volte mais. Eu não entendo qual a dificuldade de entender isso! Apesar do comentário baixo de Juliana “sugiro que faça uma pesquisa mais abrangente”, agradeci e mandei um beijo. Sabe aquela frase de Mark Twain “Nunca discuta com pessoas burras, elas vão te arrastar ao nível delas e ganhar de você por terem mais experiência em serem ignorantes”? Então, acredito muito nela. E não acho que grupos de Facebook seja lugar para politizar ou fazer os outros mudarem de ideia, só disse que achava bom, pois para mim era uma luz no final do túnel. Meu comentário foi leve e de repente estava recebendo um milhão de comentários sem noção. De pessoas que visivelmente nem estavam lendo o que escrevia. Isso para mim é um dos maiores defeitos do brasileiro, falta de leitura.
Então, recebi essa resposta. “Se você acha isso correto”. O que acho correto? Olhar nossas contas das redes sociais? Falta de liberdade de expressão? Donald Trump? O que? Foi falado tantas asneiras! Nenhum momento falei que acho que você tem que concordar com as medidas, aliás, eu sou bem radical e posso a qualquer momento deixar os EUA se sentir discriminação. Até por isso estou deixando todos os meus documentos e do meu namorado em dia, caso a gente queira sair dos EUA.
Daí a Flávia avisa que isso já acontece e o Bruno diz que todas as contas serão confiscadas. Acredito que confiscar não seja a palavra certa, talvez inspecionar. No entanto, a matéria diz que somente as pessoas dos sete países banidos seriam olhadas.
E daí a moderadora do grupo fechou os comentários do grupo, ditatorialmente decidiu que ninguém teria direito de resposta. Por isso, olhem-se, você pode ser mais Trump do que imagina. Nas pequenas coisas mostramos nosso caráter e o que verdadeiramente apoiamos. É fácil brigar por liberdade de discurso quando não proticamos no dia a dia com os nossos colegas.
Pense nisso!