Às vezes eu acho que sou uma pessoa abençoada, mesmo não podendo engravidar naturalmente, vou contar o que me aconteceu. Meu exame de ultrassom com simulação de transferência estava marcado para hoje, dia 20/05/2019, e não sei porque eu tinha na cabeça que era dia 27. Acordei fui lavar roupa, passei meia hora conversando com um funcionário do meu prédio e tomei café. Após o café estava pronta para dobrar minhas roupas já secas da lavanderia quando pensei em fazer isso ouvindo experiências do “Water Sonogram and Mock Transfer”no YouTube, quando abri minha pasta do processo de fertilização in vitro para pegar o nome do exame (pois não lembrava) fiquei chocada, o exame era hoje mesmo as 9:10 da manhã e já eram 8:20. Saí correndo, porque faço o tratamento num hospital na cidade vizinha a Nova York, em Manhasset, aonde tem um complexo hospitalar imenso. Porque comecei tudo por lá? Porque não queria fazer o tratamento usando o metro e sim o carro, em Manhattan é impossível estacionar o carro.
O que é o “Water Sonogram and Mock Transfer”?
A médica me explicou que esse exame é para ver quão fácil é a penetração do cateter e água no útero, é um ensaio para o “grande dia” da transferência do embrião. Irrigar agua no nosso útero eu diria que é mais dolorido do que penetrar o colo do útero. Esse exame é feito para o médico escolher o tipo de cateter que vai usar no dia da transferência, ver ser há obstáculos e escolher o melhor caminho entre o colo do útero e a área de transferência no útero.
Confesso que como fui de supetão no hospital não me estressei muito. Mas na sala de espera comecei a roer os dedos além de ter me dado a típica diarreia.
Fiz o exame dez dias depois de menstruar, antes de começar a medicação de estimulação, enquanto ainda tomava o anticoncepcional oral Apri (nome comercial da pílula nos Estados Unidos, no Brasil eu não sei, mas a composição tem desogestrel e etinilestradiol). Esse exame ajuda a médica a definir qual é a melhor técnica e “caminho” que ela vai utilizar no dia da transferência de embriões e aumentar as nossas chances de engravidar. Além de medir o colo do útero o exame detecta obstáculos como um mioma, cicatrizes ou outros problemas que possam dificultar a transferência. Embora tenha 5 fibroides, não estão num lugar que apresente problema.
O exame é feito na cadeira ginecológica tadicional, como um exame de Papanicolau e sem anestesia. A gente deita, abre as pernas, um espéculo é usado para ajudar a médica colocar o cateter. Minha médica inseriu dois cateteres. Depois de colocado os dois cateteres a médica tirou o espéculo (o que alivia um pouco) e inseriu o equipamento de ultrassom transvaginal. Ao longo do exame a médica insere agua no útero, o que é a parte mais dolorida do exame. A gente sente uma espécie de cólica como na menstruação. Mas é rápido e suportável. Eu fechei os olhos enquanto escutava a médica conversar com a enfermeira, ambas tentando me fazer sentir o mais confortável possível. A médica disse que sairia a agua que entrou e sangraria. Saiu bem pouca agua, e uma quantidade mínima de sangue, mas fui orientada a usar absorvente nesse dia.
Esse exame não foi coberto pelo meu plano de saúde, paguei US$450. Foi feito pela médica que acompanha meu IVF, Dr Mary Rausch e uma enfermeira, que ficava anotando as informações que a médica passada. Aqui nos Estados Unidos não somos atendidos apenas “pelo nosso médico” e sim por um bocado de médicos, técnicos e enfermeiros, o que nos dá um pouco de frustração e medo, pois vemos muita bagunça. Diariamente durante esse tratamento sentia falta dos meus médicos no Brasil, por um tratamento desse preço, com certeza teria até o What’sApp do médico. Nesse hospital fico mais de uma hora ligando para conseguri falar com alguma enfermeira…