Eu andava passando muito mal!
Depois de ter a Milena, há quase 4 anos, um misto de sintomas vivia me tirando a qualidade de vida. Enxaquecas horríveis que chegavam a durar dias e meus ciclos menstruais que estavam uma bagunça. Eu vivia irritada e ao mesmo tempo deprimida. Parecia que eu tinha que fazer um grande esforço mental e emocional para tudo, desde levantar até cuidar das minhas filhas, do marido, da casa. Na faculdade, tudo me irritava! Eu podia jurar que vivia com um exagero de TPM quase 20 dias por mês.
Só que eu sou teimosa. Eu não quis falar nada para a minha GO e caí na internet tentando descobrir o que era (não façam isso!!!). Numa de minhas pesquisas, li que não menstruar mais era a solução para não ter mais TPM, enxaqueca pré menstrual, cólicas e etc. Pensei: – “É isso que eu tenho que fazer“. Como vi algumas opções de pílula que fazem essa função (pílulas de uso contínuo) e eu não sabia qual seria a ideal pra mim, marquei a GO apenas para consulta-la sobre qual eu podia usar. Eu já estava determinada a me curar do meu jeito.
Como meu convênio era novo, precisei procurar uma nova GO, porque a minha antiga não atendia pelo plano atual que eu tenho. Achei uma médica (Drª. Irma) e pesquisei sobre ela para saber se era boa. Li excelentes recomendações no Doctoralia e resolvi marcar.
Na consulta, já cheguei na defensiva, porque eu já tinha passado em tantos GOs ao longo dos anos e eu achava que nenhum deles iria de fato entender o que eu estava passando. Porque eles mal olham na cara da gente, que dirá compreender nossas sensações, dores, angústias. Eu já tinha tentado e nunca deu certo. Saía sempre sem grandes soluções dos consultórios. E na drª Irma cheguei, chegando – como se diz! (risos)
Quando ela me cumprimentou, percebi que ela tinha sotaque latino. Depois de observar a sala e alguns detalhes, descobri que ela é boliviana (pelo menos não é cubana, hehehe).
Pra encurtar a história, quando pedi o contraceptivo de uso contínuo, ela quis saber por quê. Num jorro de informações de quem já estava de saco cheio de se sentir tão mal todos os meses e não tinha nada a perder mais, contei cada detalhe, cada sintoma, cada desconforto, até os que eu nem achava que podiam ser relevantes para o caso.
Drª Irma foi taxativa quando disse que contraceptivo de uso contínuo não era ideal para o meu caso e sequer para a maioria das mulheres. Que muitos médicos dizem ser a melhor solução para todas, mas que ela vinha consertando o que esses médicos estragavam a cada paciente que recebia em seu consultório. Segundo ela, iria resolver o que eu queria, mas me dar outros problemas, porque ao longo do tempo de uso do contraceptivo sem pausa, o corpo é levado a simular uma espécie de menopausa, e traz consigo vários sintomas desagradáveis da mesma, e que eu não iria querer isso para minha vida sendo tão nova. Ela citou que atendeu vários casos de mulheres que entravam no consultório dela reclamando desses sintomas desagradáveis e que, ao sondar a causa, o uso de contraceptivo contínuo estava presente. Na mesma hora fiz uma nota mental descartando a ideia.
Desesperançada de que houvesse solução, perguntei o que eu tinha e como tratava. Ela fez um pedido médico para exame de rotina e depois começou a discorrer sobre a importância de tratar o problema da Sindrome Disfórica Pré Menstrual. Sinceramente, na hora eu não guardei o nome porque achei complicado, mas guardei as informações que ela me passou – no sotaque boliviano dela – acerca do que eu tinha. Eram sintomas emocionais (em sua maioria) e físicos que se acentuavam ao longo das flutuações hormonais do ciclo, mas que ao equilibrar isso com medicação, eu ficaria bem. Saí de lá com receita para um contraceptivo com pausa menor (apenas 4 dias para evitar grandes variações hormonais) e para fluoxetina 10mg, que eu não sabia ser usado para tratar essa tal síndrome.
Em casa, tentei lembrar – em vão – o nome do tal problema que a médica havia me dito (Era síndrome do quê mesmo??), então deixei pra lá, porque eu estava animada com a excelente qualidade do atendimento que recebi e a possível luz no fim do túnel. Empolgada, contei para minha mãe e minha irmã sobre os sintomas que eu tinha e como a médica disse que tinha ligação com meus hormônios e tal. Mas nada de lembrar o nome do dito problema. De qualquer forma, mandei fazer a fluoxetina num laboratório de manipulação, comprei o Yaz (contraceptivo indicado para o meu caso) e logo comecei o tratamento.
Como mãe plugada que sou, eu queria pesquisar tudo à respeito do que eu tinha para ver se batia mesmo com o que eu sentia, mas como não lembrava o nome que a Drª disse naquele sotaque meio confuso, foi o “santo” Google que me ajudou, hehehe. Numa tentativa bem básica de pesquisa, digitei: Síndrome + TPM. Enter! Nos primeiros resultados já apareceu a tal SDPM ou TDPM (Síndrome ou Transtorno Disfórico Pré Menstrual). Lendo à respeito, eu vi claramente que era eu ali descrita em detalhes que mais pareciam um diário emocional e sintomático do que um artigo médico.
Para diagnosticar a SDPM ou TDPM, são necessários cinco dos seguintes sintomas e pelo menos um deles deve ser os de número de 1 a 4:
1. Humor deprimido, sentimentos de falta de esperança ou pensamentos autodepreciativos.
2. Ansiedade acentuada, tensão, sentimentos de estar com os “nervos à flor da pele”.
3. Significativa instabilidade afetiva.
4. Raiva ou irritabilidade persistente e conflitos interpessoais aumentados.
5. Interesse diminuído pelas atividades habituais.
6. Sentimento subjetivo de dificuldade em se concentrar.
7. Letargia, fadiga fácil ou acentuada falta de energia.
8. Alteração acentuada do apetite, excessos alimentares ou avidez por determinados alimentos.
9. Hipersônia ou insônia.
10. Sentimentos subjetivos de descontrole emocional.
11. Outros sintomas físicos, como sensibilidade ou inchaço das mamas, dor de cabeça/enxaqueca, dor articular ou muscular, sensação de inchaço geral e ganho de peso.
Fonte: Site Mais Vida
Não preciso nem dizer que eu não tinha apenas 5 sintomas, mas quase todos! Eu era um vulcão em erupção dentro de mim e achava que podia dar conta sem ajuda médica. Grande engano, porque qualidade de vida é muito importante e eu não a teria se continuasse com esse pensamento prosaico e egoísta. As vezes a gente que é mulher acha que faz parte da vida sentir algumas coisas. A gente se conforma em ter dores e desconfortos, e as vezes nem imagina que um bom médico pode nos dar uma simples receita que alivia tudo isso!
Hoje faz duas semanas que estou tomando o contraceptivo + a fluoxetina. Que diferença!!! Eu só percebi o quanto eu estava mal agora que estou bem. Meu humor melhorou, minhas retenções de líquido cessaram, as dores diversas e intensas foram embora, a sensação de tristeza iminente está melhorando a cada dia, não me sinto mais tão cansada como eu vivia. Tenho conseguido até dar conta melhor das coisas de casa e das minhas filhas. Isso não tem preço! Claro que a adaptação à fluoxetina não foi muito fácil. Tive enjoo, mal estares e insônia nos primeiros dias, mas agora já está passando, graças a Deus.
Esse post é meu relato que talvez possa ajudar você que sente tudo isso e acha que é normal, ou que “toda mulher passa por isso e fazer o quê, não é mesmo?”. Não tem que ser assim. Tem solução simples e resolve mesmo.
É claro que ao fazer o exame de rotina, também descobri alguns cistos ovarianos, mas estes só são responsáveis pelas irregularidades menstruais que eu estava tendo, mas como também li, o próprio contraceptivo que estou tomando já cuidará de resolver isso também. Minha GO foi tão perspicaz, que indicou o contraceptivo ideal para a SDPM mas já prevendo o tratamento dos cistos também, porque citei as irregularidades menstruais, e os exames que ela pediu foram muito direcionados, como que só para confirmar as suspeitas dela (amei essa médica, viu!).
Enfim, meninas… Conversar com o GO – com um BOM GO – é mesmo necessário. Guardar informações ou achar que certos sintomas não são relevantes pode ser uma pedra no meio do caminho para se descobrir um problema de saúde disfarçado de “coisas da vida de mulher“. Eu aprendi muito sobre mim mesma nas últimas semanas, e encontrei um diagnóstico que explica muitas coisas que eu vinha sentindo nos últimos anos. Por isso, se vocês estiverem percebendo que podem estar deprimidas sem razão, cansadas além da conta, irritadas com tudo e todos fora do período normal da TPM (7 dias antes da menstruação apenas), com enxaquecas inexplicáveis ou qualquer dos demais sintomas descritos acima e que envolvem no mínimo os itens 1 a 4, procure um GO. O tratamento é simples e barato. Não gastei mais do que 60,00 reais para ter minha paz de volta e me sentir bem para enfrentar a vida com todas as suas mais que suficientes dificuldades.
“A SDPM (síndrome disfórica pré-menstrual) é uma variante da TPM, mais intensa e severa, com a oscilação do humor como manifestação mais perturbadora, podendo prejudicar sua vida pessoal e profissional. Atinge de 3 a 11% das mulheres em idade reprodutiva. Não há tratamento oficialmente padronizado. O que se propõe são formas de controle dos sintomas que, em alguns casos, podem ser bastante eficazes. As medicações mais usadas são os antidepressivos, inibidores da secreção de prolactina, diuréticos, progesterona e estradiol” (Site Minha Vida, 2011).