Ontem quando vi a imagem acima no Facebook de um amigo eu pensei “que triste”. E embora eu seja completamente provida, eu achei a mensagem um pouco agressiva e explico.
Me tornei vegetariana aos 13 anos de idade, ao realizar que minha carne era a igual a um presunto, logo após uma pequena cirurgia que fiz no pé. Aquela consciência guiou a minha vida até agora para valorizar todas as formas de existência, incluindo a humana, é claro.
Algumas pessoas defendem a proteção animal também, mas o mais estranho é que elas comem carne de animais que foram brutamente assassinados. E aí vem a maior hipocrisia, porque proteger somente gatos e cachorros? E tem gente que ainda critica países asiáticos que comem cachorro, vocês já pararam para pensar que não é no mundo todo que os cachorros e gatos ganharam status de animal de estimação?
Voltando ao aborto em seres humanos, sou contra, é obvio! Mas ainda assim achei a mensagem agressiva, sabe porquê? 20% das gestações sofrem aborto espontâneo até a 22ª semana. 2% das gestações são ectópicas, ou seja, o bebe está fora do útero e a gestação não é levada a diante. Não sei nem quantos bebes são natimortos, no Brasil teve 8,6 natimortos a cada 1.000 nascimentos em 2015. Fora outras causas como gravidez química, malformações, doenças… enfim, existe um número relativamente grande de mulheres que são mães de “criança morta” sem ter tido a opção de escolher. E uma mulher que está vivendo um pesadelo desses quando lê uma mensagem dessa no seu feed do Facebook, faz lembrar toda a dor que teve e tem. Muitas mulheres após uma perda não conseguem engravidar de novo. E as que conseguem, o “bebe morto” nunca sai da cabeça.
Eu acho que as pessoas deveriam ter mais empatia pelas mulheres antes de compartilhar qualquer lixo na internet, principalmente os homens que tem um relacionamento diferente com o bebe. Eu sei que muitas pessoas fazem isso por pura ausência de conhecimento achando que só vão afetar as mulheres que escolheram abortar, mas estão enganados. Em 2015 nos Estados Unidos, por exemplo, a cada mil mulheres entre 15 e 44 anos, apenas 11.8 mulheres escolheram abortar. Então o número de abortos “escolhidos” é infinitamente menor do que as mulheres que foram obrigadas a dizer adeus a seus nenéns.
Por favor, compartilhem essa mensagem. Vamos fazer o mundo menos penoso para as mães que inevitavelmente perderam seus bebes.