Percebi que um dos meus posts mais antigos sobre pílula para amamentação, é um dos que mais tem sido acessados e o que mais me rendeu perguntas nos comentários. Foi aí que reparei como a mulherada tem dúvidas mil sobre o assunto. Dúvidas que – sinceramente – eu não imaginava que permeassem tanto a cabeça da mulher moderna, hehehe. Anticoncepcional para amamentação ainda é um assunto meio tabu, e mais ainda, o que ocorre com o corpo da mulher na fase de pós parto e amamentação. Parece que os médicos de hoje em dia não andam conversando muito com suas pacientes e explicando o essencial, mas vamos lá! Vou dar umas dicas e informações bastante úteis para você que está nessa fase tão especial e, por vezes, confusa e cheia de inseguranças de sua vida.
COMO FICA O CORPO DA MULHER NA FASE DE PÓS PARTO E AMAMENTAÇÃO?
Quando o bebê nasce, o corpo da mulher libera hormônios para que o útero volte ao seu tamanho normal, mas também hormônios para que o aleitamento ocorra. É uma explosão de hormônios que causam várias transformações ao longo dos 40 dias de puerpério (ou quarentena, como dizem os mais antigos) e durante (principalmente) os seis primeiros meses de amamentação, ou período que a mulher dá de mamar exclusivamente ao seu bebê, ou seja, fase que sua vida é só dar o peito ao pequenino quando chora! (risos).
Durante a quarentena (puerpério), a mulher vai sangrar por vários dias ou semanas até que seu útero termine de eliminar toda a estrutura usada para levar a gestação adiante. Esse sangramento varia de mulher para mulher e pode durar uma semana para umas e duas; até três, para outras. Normal!
Passado este tempo, o corpo da mulher vai entrar em stand by, ou seja, enquanto o hormônio prolactina estiver em alta no organismo para a produção de leite, a mulher (normalmente) não vai menstruar. Muitas mulheres assustam com a ausência da menstruação e ficam estressadíssimas com isso, mas acreditem, o normal é exatamente este. Mas toda regra tem exceção, que são as mulheres que voltam a menstruar normalmente depois do parto, mas também não é caso de procurar o médico. Tem muitas mulheres que tem tanto hormônio estrogênio no organismo, que não há prolactina que segure a menstruação delas. E aí é que mora o perigo. Normalmente estas mulheres, cujos ciclos não entram nesse stand by, é que correm mais risco de engravidar de novo se não se protegerem de forma adequada!
O tempo que a mulher fica sem menstruar varia de uma para outra, mas digamos que pelos meses que o bebê mama exclusivamente no peito, é certeza. Porque quanto mais o bebê suga o peito, mais Prolactina o corpo produz, e o hormônio que induz o útero a fazer seu papel de menstruar todo mês, é inibido, portanto a menstruação não ocorre (salvo as exceções citadas, hehehe).
ALERTA!!
Como o corpo da mulher fica em stand by nessa parte de menstruação, é comum que não ocorra ovulação de forma normal (pode não ocorrer ou pode ocorrer quando você nem fica sabendo, já que não tem menstruação para você marcar os dias do ciclo) . Aí fica o meu alerta! Muitas mulheres confiam demais que – por barrar o ciclo menstrual – a amamentação também garante que não haja ovulação, e ela acha – portanto – que não vai engravidar de novo. Ledo engano! Fazer sexo sem proteção adequada, neste período de amamentação, engravida sim! E, por não haver menstruação para controlar o ciclo (ou a falta dele), muitas mulheres só descobrem que estão grávidas quando a barriga já está grandinha e ela está sentindo os movimentos do bebê, rsrss (já soube de casos). Susto dos grandes que com certeza você não vai querer ter! Por isso, torna-se necessário sim usar um contraceptivo próprio para este período. Seja camisinha, seja pílula para amamentação ou injeções trimestrais, mas previna-se para ficar tranquila e poder namorar sem ficar pensando que mal desmamou um, já vai ter outro (risos).
O CONTRACEPTIVO HORMONAL PARA A FASE DE AMAMENTAÇÃO
Agora vamos falar do objeto deste post: a pílula para amamentação!
Junto com a liberação médica, quando a mulher retorna em consulta com o ginecologista – depois dos 40 dias pós parto – o médico vai dar (normalmente) uma receita de anticoncepcional para tomar nesta fase que a mulher está amamentando. Isto quer dizer que enquanto ela estiver dando o peito ao bebê, mesmo que volte a menstruar ou que o bebê já comece a comer, a pílula para amamentação (que contém apenas um hormônio) é a mais indicada. As demais pílulas (as combinadas com dois hormônios – estrogênio e progesterona) podem interferir no aleitamento e passar para o bebê, prejudicando sua saúde.
Só o ginecologista pode alterar a pílula receitada, por isso nunca tome a decisão de mudar por conta própria (nem me peçam indicações de pílula) só porque você ACHA que a que você está tomando não surte mais efeito. Muitas mulheres acham que a pílula para amamentação é fraquinha, ou voltam a menstruar, e acham que já não está mais fazendo efeito, mas não é bem assim, por isso é importante saber de certas coisas e conversar com seu ginecologista sem pudores e receios. É sempre melhor perguntar demais, do que saber de menos!
Apesar de ressaltar que a conversa com o ginecologista e suas indicações são mesmo melhor e mais seguro, deixo algumas informações e dicas importantes sobre este método de contracepção para o período de amamentação:
1. O anticoncepcional para amamentação é de uso contínuo (sem pausas entre as cartelas), e faz efeito desde o primeiro dia de uso se tomado todo dia certinho, ou seja, não tem problema fazer sexo sem proteção porque você estará segura. Elas podem vir em cartelas com 28 ou 35 pílulas, mas isso não interfere em nada realmente significativo.
2. Não precisa esperar a menstruação descer para começar a usar a pílula se você está amamentando e até agora não ficou menstruada. Como o organismo está em stand by (na maioria das mulheres), pode começar a tomar imediatamente após os 40 dias de pós parto. Se a mulher faz parte da exceção e já tem seu ciclo normalizado apesar de amamentar, só esperar o primeiro dia da próxima menstruação e começar o medicamento.
3. Muitas mulheres com intolerância ao estrogênio usam pílulas para amamentação como método de contracepção normal, ou seja, ela pode ser usada até por quem não amamenta. Eu mesma já usei fora do período de amamentação e não fiquei grávida. Testado e aprovado! (mas isso só vale para a Nactali ou Cerazette porque elas são as únicas que inibem de fato a ovulação – vide item 4* para entender por quê). Mas vale o aviso de que tem que tomar todo dia certinho e de preferência no mesmo horário. Não adianta chorar depois dizendo que a pílula era fraca e por isso você ficou grávida. Se você pisava na bola nessa parte, a culpa será sua, hein? (risos).
4. *Somente as pílulas com 75mcg de Gestodeno (Nomes comerciais: NACTALI ou CERAZETTE) são as mais seguras (eficazes) para serem usadas até mesmo quando o bebê não está mamando mais tão frequentemente ou nem está mais no peito, pois essas pílulas inibem a ovulação. As demais como Nordete, Micronor, Minipil, Kelly, Exluton e etc, só são indicadas mesmo para até os 6 meses de amamentação, pois atuam apenas modificando o endométrio e o muco cervical para que o óvulo (caso seja fecundado num golpe de azar) não consiga se implantar no útero, ou seja, só funcionam mesmo em conjunto com a atuação da prolactina em alta (que deixa o ciclo em stand by) no organismo. Baixando a prolactina, ou seja, o bebê começando a deixar de mamar toda hora, essas pílulas tem sua eficácia reduzida.
5. É comum que os ginecologistas passem Nordete, Minipil, Kelly ou Micropil e afins para os seis primeiros meses, e depois, quando a amamentação diminui, eles trocam para Nactali ou Cerazette (ou se a mulher deixar mesmo de amamentar, para uma pílula convencional de dois hormônios). Super normal e seguro, podem ficar tranquilas! Mas tem ginecologista que já passa logo de cara o Cerazette ou Nactali, o que eu considero bem melhor, porque depois não precisa ficar trocando e, como eu disse, podem ser usadas até mesmo por quem não amamenta. O meu médico, por exemplo, passou Cerazette logo de cara nos meus dois pós partos, e fiquei tomando até tirar minhas meninas completamente do peito. Super seguro, NÃO INCHA (não causa tanta retenção de líquidos como as pílulas comuns), não mexe na libido (fica a dica) e, por mais que depois de um tempo volte a menstruar, é algo super tranquilo também.
6. A pílula para a amamentação inibe a menstruação só enquanto a mulher estiver amamentando exclusivamente (só dando o peito!), mas depois que o bebê começa a mamar menos, ela não impede a menstruação de voltar ao normal se o corpo da mulher reagir desta forma, mas ainda assim protege contra uma gravidez Também é comum ter pequenos sangramentos de escape ao usar este método, mas depois de alguns meses isso deixa de acontecer.
7. Passado os seis primeiros meses de amamentação, não quer dizer que a mulher volte a menstruar normalmente. Tem mulheres que enquanto estão dando o peito (mesmo que pouco) e tomando a pílula, não menstruam. Eu, por exemplo, fiquei 2 anos sem menstruar – que foi o tempo que mantive minha caçula no peito e tomando o Cerazette (tive sorte eu acho, hehehe).
8. Só voltem a tomar o contraceptivo de antes da gravidez (aquele com dois hormônios) se o bebê mama quase nada no peito e por recomendação médica. Eu voltei a tomar meu anticoncepcional normal quando minha filha só mamava apenas 1 vez ao dia no peito e ainda assim ficava só um pouquinho pra dormir mesmo. O estrogênio contido nas pílulas convencionais passam para o leite e podem alterá-lo e secá-lo, além de prejudicar a saúde do bebê.
9. PILULAS DO DIA SEGUINTE não podem ser usadas no período de amamentação. Elas possuem altas doses de estrogênio e progesterona e como dito, isso faz mal para o bebê. Além do mais, ficou provado que usar com certa frequência este método, ele perde o efeito e já não funciona mais, pois ele é apenas emergencial, ou seja, só em casos extremos de emergência é que deve ser usado e – com certeza – se não estiver amamentando.
10. Injeções trimestrais de progesterona (Depo-Provera) são seguras para usar na fase de amamentação, pois são feitas do mesmo hormônio das pílulas, só que em doses mais concentradas. Essas injeções são práticas, porque só precisam ser tomadas a cada três meses, mas se você tem tendência a engordar ou reter líquidos, ela não é uma boa ideia. Há relatos de mulheres que incharam demais (ganharam até 10kg em um ano ou menos) com o uso deste método, e por causa disso deixo meu alerta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Saibam que nunca é demais conversar com seu ginecologista e tirar todas as dúvidas com ele. Eu
descobri tudo o que sei de duas formas: pesquisando muito e conversando com meus médicos ao longo dos últimos 13 anos. Toda dúvida, até mesmo a que a gente acha boba, merece atenção.
Nunca tome nenhuma decisão movida pelo que você acha ou pelo que os outros (principalmente os mais antigos de idade) dizem. As certezas sobre essa parte da sua vida você só vai ter mediante muita conversa com quem entende do assunto e conhece seu corpo melhor do que você mesma: seu ginecologista.
Quando o médico receitar um contraceptivo, tire todas as suas dúvidas sobre o uso, reações, o que esperar… É assim que a gente nunca é pega de surpresa e sabe como lidar caso algo pareça sair do controle.
É normal acharmos que estamos grávidas quando a menstruação não vem e a gente se sente inchada, enjoada. Mas acredite, isso tudo também faz parte do que sentimos na fase de amamentação em uso de contraceptivo hormonal, então acalme-se antes de sair desesperada por aí achando que pode estar grávida antes mesmo de ter desmamado o seu filhote, ok?
No mais, estou à disposição para sanar dúvidas sobre o post ou dar dicas.
Abraço!
Curtir isso:
Curtir Carregando...